A ZMentira faz um papel semelhante ao da mídia militar estadunidense nas invasões do Afeganistão e do Iraque.
Como um avião que espalha panfletos nos terrenos a serem invadidos para que a população não seja "enganada", prepara o imaginário com factóides e falácias para a aceitação da opinião pública de uma atitude mais enérgica que a polícia do latifúndio possa vir a tomar contra o MST em Coqueiros.
Aliás, sobre Coqueiros e o acampamento OZIEL ALVES - batizado em homenagem a um dos assassinados pela polícia em Eldorado dos Carajás -, estivemos por lá há duas semanas.
Chegamos numa terça-feira, um dia depois de uma ação truculenta da Brigada Militar, que invadiu e literalmente tocou horror em todos no acampamento.
Segundo relatos dos acampados, foram muitas horas de pavor, com tortura psicológica, violência gratuita e abuso de autoridade.
E qual a razão para tiros de bala de borracha, bombas de gás e queima de barracos?
O proprietário do latifúndio Guerra iria passar veneno em sua plantação, contrariando acordo prévio, em razão de uma fonte de água do acampamento estar no caminho.
Então, foi acionada a capangada oficial do latifúndio para garantir o envenenamento.
Inclusive, dizem os membros do MST acampados que a Brigada até mover o gado do Guerra já moveu.
Fomos falar, então, com o prefeito e o vice de Coqueiros - que abertamente são a favor da desapropriação da fazenda, um latifúndio que abrange 30% do território do município.
Nenhum dos dois sabia da ação da Peonada Militar.
Foram surpreendidos pela movimentação do efetivo de mais de 40 policiais-peões, divididos em choque e montaria.
Aí, vem a pergunta: não seria necessário o aviso prévio da autoridade local máxima acerca do deslocamento de tal efetivo vindo de cidades vizinhas?
Não seria isso uma quebra da autonomia e da autoridade de uma prefeitura?
Bom, mas isso não é o mais importante.
O fato é que o clima não estava muito bom no acampamento.
O pessoal estava apreensivo, abalado.
Mesmo assim, se iniciavam as movimentações que a ZMentira passou a semana inteira alardeando.
Isso tudo cheira a mais ações violentas da polícia de um comandante que invadiu o acampamento e informou: "Comigo é assim! Vagabundo a gente trata como vagabundo!".
Gostaria de mostrar, então, para este comandante da Peonada Militar o quão vagabunda é essa gente.
O pessoal, inclusive, já se prepara para a Guerra.
Essas são suas armas.
Esse é o seu exército.
Fiquemos de olho, todos, no que se avizinha lá em Coqueiros para que não tenhamos mais uma Eldorado dos Carajás, porque o que presenciamos por lá é que a Peonada Militar tá afim de sangue.