A Reforma Agrária é a solução para o Brasil
Quanto mais eu leio sobre isso, mais se consolida este pensamento.
Quanto mais eu ouço os impropérios contra o MST, mais se solidifica a noção do distanciamento da realidade que se dissemina por aí.
Quanto mais eu lembro do que presenciei, mais claro fica que caminho seguir...
No início deste ano estive a trabalho em Coqueiros, Pontão, Pelotas, Hulha Negra, Pedro Osório, Piratini, Santana do Livramento, São Gabriel, arredores de Porto Alegre, entre outras localidades.
Estive em acampamentos e assentamentos.
Vi a terra se transformar.
Assentamentos de 1 ano, de 3, de 7, até de 17 anos.
Sim, a terra se transforma.
Muda da imensidão dos verdes campos de cupim e da monocultura, ganhando vida em agrovilas, com espaços de lazer e educação, e a estruturação de uma produção diversificada de acordo com a vocação de cada região.
Enxerguei organização, disciplina e respeito.
Presenciei a re-socialização de quem não tinha absolutamente mais nada a fazer contra sua exclusão submetida em meios urbanos.
Ex-presidiários, pobres, violentados.
Párias de uma sociedade que os quer mortos encontram um pingo de esperança na re-educação para a vida que o movimento proporciona.
Eu vi gente trabalhadora e feliz.
Gente que sabe o que quer e o que está fazendo.
Vi escolas e farmácias de lona.
Vi solidariedade, amizade.
Problemas?
Com certeza.
Os mesmos problemas de uma sociedade doente.
Afinal, o MST faz ou não parte desta mesma sociedade?
Faz, mas há uma grande diferença.
Ali não se abandona ninguém à própria sorte.
Há chances e mais chances.
Mas chances de verdade, não destas que se dizem por aí: "É favelado porque quer, porque vivemos em liberdade e todos têm chance de ser alguém na vida. É só trabalhar..."
Ó falácia da sociedade moderna.
Dogma capitalista de manutenção, para manter tudo no seu devido lugar.
Pobre?
Porque é preguiçoso...
Não vi preguiçosos.
Mas vi gente que gosta de se espichar numa sombra.
Curtir um mate quente bem cedinho da manhã.
E que trabalha, em seu mínimo espaço ao lado do barraco de lona, olhando ao longe o sem fim do látifúndio, imaginando um futuro melhor para si e para os seus.
Imagino que a Reforma Agrária seja o mais próximo de uma revolução que chegaremos.
Vai mudar a vida no campo e nas cidades.
Vai mudar a estrutura econômica de pequenos municípios.
Vai mudar a paisagem, o meio ambiente.
A Reforma Agrária, ao meu ver, é a solução para o Brasil.
2 Comentários:
Participei desta jornada por assentamentos e acampamentos contigo, pelo menos uma parte dela, e pelo que vi só posso concordar com tudo o que tu escreveu. Só uma reforma agrária vai fazer o Brasil deixar o terceiro mundo para trás e acabar com imensa diferença entre ricos e pobres.
Abraço!
26/09/2007, 18:46
Guga,
Eu concordo 100% contigo. No entanto, como já escrevi em vários posts sobre o que é a midiatização da sociedade, quais são as novas formas de resistência da sociedade pós-moderna e, acima de tudo, sobre a insistência em dar com os burros n'água e correr riscos de vida desnecessários e - pior - ajudar a pôr mais gasolina na fogueira da criminalização dos movimentos sociais pela mídia corporativa e seus patrocinadores (latifundiários, banqueiros, multinacionais, classe mérdia pelega).
É preciso prover o MST de computadores e de internet banda larga para que, sem usar o nome do movimento nem utilizar motes gramscianos ou marxistas, pessoas comuns pertencentes ao movimento publiquem a sua visão de mundo.
Marchas não produzem fatos novos e diferentes, capazes de forçar a mídia corporativa a veicular a demanda do MST.
Mas eu quero MUITO conhecer pessoalmente um assentamento. Quero conversar com as pessoas, conviver com elas durante algumas horas (ou até dias, se for o caso), fotografá-las, fotografar a sua rotina, postar o que eu vejo e como elas são.
No teu blog, tu poderias ir bem mais fundo nisso! E eu gostaria de falar sobre isso também! [;)]
[]'s,
Hélio
28/09/2007, 13:17
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