Geral da Terra, do ar, do mar e da Lua... Alma das flores, das cores, das pessoas nas ruas... Geral de tudo que se vê, de tudo que se ouve, das verdades nuas.

31/05/2006

CATARSE

Catarse - (1) Termo utilizado por Aristóteles em sua Poética como objetivo final da tragédia. A palavra já era empregada na religião grega para indicar a purificação prévia e indispensável de um ritual olímpico; na medicina, como purgativo de humores maléficos e, na filosofia pitagórica, como retorno ao equilíbrio espiritual pela audição de música. No teatro, passou a significar o reconhecimento do "terror", experimentado pelo herói trágico (a ameaça à sua condição humana) e da "piedade", a aceitação de seu destino. É uma forma de conhecimento pela dor, cuja experiência conduz à purificação, ao alívio das tensões e à renovação moral. O reconhecimento das situações (anagnorisis), provocado pela catarse, cumpriria o papel, ao menos teoricamente, de transformar a ignorância em conhecimento, além de ser uma das fontes do prazer estético, na medida em que esta sensação é passível de ser recolhida diante do espetáculo oferecido pelo "outro".

Rousseau, no entanto, negou à catarse a possibilidade de mudar comportamentos, dizendo ser ela "emoção passageira e vã que não dura mais que a ilusão que a faz nascer, um resquício de sentimento natural logo abafado pelas paixões [...] e que nunca produziu o mínimo ato de humanidade" (Contrato Social). (2) Na teoria psicanalítica freudiana, indica a liberação das energias psíquicas reprimidas durante o processo de desenvolvimento do ego e do superego, e que se realiza pela lembrança ou reprodução de um conflito original, gerador de recalque. A catarse é obtida pelo método da livre associação das idéias, ou seja, da evocação voluntária e regressiva à experiência traumática.

30/05/2006

Gosto de chuva...

Chove na cidade lá fora.
Ouço o barulho dos pingos nos telhados.
O cheiro que chega tem sabor molhado.
A brisa gelada afaga por horas.
Sinto o tempo correr.
As poças se enchem de pés molhados.
A água escorre suja pelos pés apressados.
Mas quem é que faz o tempo chover?
Na noite caminho guardando.
Olhando os pingos correndo no chão.
Arregaço as calças e ando com a chuva nas mãos.
Adoro o chover noturno molhando.

11/05/2006



(de Maringoni, retirado do site www.cartamaior.com.br)

02/05/2006

Ausência

para Vó Sophia

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade