"Tem que bater nesses 'negão'!"

Não faz 15 minutos eu corri um arrombador daqui do prédio.
O cara quebrou a porta da garagem e entrou no pátio.
Eu o vi se esgueirando e berrei.
O magrão saiu correndo e nem sinal quando fui até a rua...
5 minutos depois, eram 10 condôminos de conferência na porta de entrada.
Indignação total, já que não faz nem 2 dias flagramos outro arrombador, mas esse foi pego porque outro morador chegava bem na hora.
Um dos mais ensandecidos não parava de dizer: "Não adianta! Tu não devia ter gritado. Da próxima vez, avisa, vamos pegar. Tem que bater nesses negão!".
E ele continuou repetindo aquilo: "negão, negão"...
Mais uma vez, agora perto de mim.
O peguei pelo braço e disse: "Olha, entendo a revolta e até topo a gente dar uma camaçada de pau nesses vagabundos, mas pára de falar 'negão, negão', porque era um gurizão branco, e muito branco, que entrou aqui".
Aliás, o outro, de dois dias atrás, também era branco...
Me despedi e deixei um vizinho constrangido e a muvuca para trás.
A síndica não sabe se bota outras fechaduras, se constrói um muro, põe cerca elétrica ou se paga um guarda: "Querem morar no Petrópolis, mas não querem pagar mais condomínio!" - reclamava dos seus vizinhos.
E, assim, segue a vida em Porto Alegre, sem polícia nenhuma, porque não há Interdito Proibitório contra arrombadores.
Para nós, resta, então, o IML e suas bacias...