Geral da Terra, do ar, do mar e da Lua... Alma das flores, das cores, das pessoas nas ruas... Geral de tudo que se vê, de tudo que se ouve, das verdades nuas.

24/10/2007

Massacre à vista

As marchas do MST rumo a Coqueiros são pacíficas e simbólicas.
Mas uma juíza de Carazinho resolveu exercer o seu poder de Deus - o que é inerente a todos os juízes e desembargadores - e baixou ordem proibindo a continuidade da caminhada dentro da comarca de Carazinho.
Isso afronta diretamente o direito de ir e vir determinado nos dizeres da carta máxima brasileira: a Constituição Federal.
Quer dizer, um juiz tem condições de ditar regras mesmo que estas afrontem o livro-mor do regramento soberano de um Estado Nacional?!
Então se pode tudo...
O que esta cidadã fez foi assinar embaixo um massacre contra as colunas do MST.
Autorizou judicialmente a utilização da Tropa DA Elite (BM) para impedir o avanço dos sem-terra - autorizou a utilização de violência.
Grandes estancieiros e seus capangas já não precisarão mais se preocupar em sujar suas mãos, deixem que o Estado de Direito o faça - ou melhor, de Direita.
Bombas já foram estouradas...
O que será que espera essa gente?

9 Comentários:

Blogger Carlos Eduardo da Maia disse...

Está ali no Código Civil Brasileiro, art.1210 e seguintes. A Juíza apenas aplicou a Lei. Nada mais que isso Se a elite do MST não concorda com a Lei que mude ela pelas vias institucionais. Se a elite do MST não concorda com a decisão -- que recorra.

24/10/2007, 17:38

 
Blogger Guga Türck disse...

Que elite do MST, cara?!
Tu tá louco???
E o direito de ir e vir?!

24/10/2007, 18:23

 
Blogger sueli halfen ( POA) disse...

As Vinhas da Ira II !

Quando é que vão descobrir que alfaces não dão cria no super?????

24/10/2007, 19:55

 
Blogger Carlos Eduardo da Maia disse...

Ué, o MST não tem elite? Quem é que manda na tropa? Criança na frente, mulheres atrás e os homens no fundo. Todos se movem monolíticos. Uma pequena massa que invade e roça a roça dos outros. Mas os outros não querem que rocem sua roça e a Juíza de plantão deu o interdito, com base no Código Civil. São restrições à liberdade de ir e vir que ocorre em qualquer país democrático. Fui.

25/10/2007, 12:22

 
Blogger Omar disse...

Grande Guga,
Não dê ouvidos ao coachar de batráqueos.
A BM hoje infelizmente está a serviço de pequena camada de endinheirados que querem paralizar o desenvolvimento da sociedade para não correr risco de perder suas posses, porém isso não vai ser sempre assim.
Quanto a juízes e médicos cirurgiões...

25/10/2007, 13:43

 
Anonymous Anônimo disse...

Minha objeção ao MST é a de que se trata do mais antidemocrático dos movimentos sociais - aliás, deixou de ser movimento social e se transformou em uma organização burocrática de inspiração leninista.

Os textos e estudos do Zander Navarro provam bem esse ponto, e não vale desqualificar o cara porque é "de direita" ou "não sabe nada" - nada disso é verdade.

Como a democracia é um valor universal, fico de um lado e o MST do outro.

25/10/2007, 15:15

 
Anonymous Anônimo disse...

Eu penso que todos os movimentos sociais são míopes e deterministas tanto por ignorância (natural a pessoas desesperadas e idealistas com poucos recursos financeiros e com baixa escolaridade) quanto por falta de visão de seus líderes.

Ninguém deve se entregar, desistir de seus sonhos e nem tampouco parar de demonstrar a sua função social. A terra deveria ser de todos, assim como o ar e a natureza como um todo. Nenhum país com latifúndio é rico (exceto os EUA). Isso deveria ser suficiente para que economistas e administradores viessem a público martelar nessa tecla, mas não: a maioria é subserviente.

A lei e a polícia brasileira são feitos pra condenar PPP: preto, pobre e puta.

Na falta de força política para reivindicar a reforma agrária e para exigir uma política de descriminalização dos movimentos sociais, é fundamental que estes aprendam a fazer a resistência do jeito pós-moderno:

1) Não se vincular a sindicatos nem a partidos políticos;

2) Não agir contra a lei, mesmo que seja uma lei nociva;

3) Não despertar a criminalização midiática e o preconceito pequeno-burguês da classe média e do peleguismo rural enquanto não se souber articular uma mídia alternativa em rede;

4) O movimento precisa ser desburocratizado e desierarquizado, a fim de multiplicar os seus propósitos de maneira mais positiva;

5) Não se deve mais apelar para a retórica do "conflito de classes";

6) Não se pode se fazer de "coitadinho": sem carranca, sem deprê, sem raiva contida;

7) Deve-se mostrar suas reivindicações claramente, argumentando através de analogias e de associações de fatos, pessoas e conceitos a períodos históricos da luta sempre com paciência e com um sorriso no rosto;

8) Não se deve interromper o fluxo (estrada e rua parada trazem muita raiva à população que perde mobilidade - um dos mais importantes valores dos tempos atuais), pois isso prejudica o direito de ir e vir;

9) Por que o MST não se legaliza sob a forma de uma ONG? Estaria mais bem assessorado juridicamente e certamente contaria com o apoio de entidades do exterior, enviando dinheiro em euro para manter o movimento;

10) Justamente por não estar legalizado, o MST não possui legitimidade nem respaldo na lei. Por pior que seja a lei e por mais que saibamos que o legal e o justo são coisas completamente diferentes, não adianta: é preciso legalizar o MST;

11) A tônica é: "não somos contra ninguém - somos apenas a favor da vida, da terra para todos e do trabalho para quem tem a vocação do campo".

Eu já postei várias vezes no PALANQUE DO BLACKÃO: greves e invasões são um tiro no pé. A classe média odeia isso.

Mesmo quando a terra é improdutiva, quando se trata de um latifúndio e não gera emprego, é preciso se manifestar sem tomar posse, sem roçar.

Uma idéia: por que o MST não manda seus integrantes a todas as escolas da rede pública do país duas vezes por ano apresentar vídeos, fotos, relatos da vida dos assentados e oferecer uma feira? Pô, isso, sim, é que é forma de adquirir simpatia e adesão.

Enfim, o método de resistência atual é suicida e pouco inteligente.

Fico triste e muito preocupado com isso, pois os erros do MST perpetuam a oligarquia do agronegócio assim como os mesmos determinismos, preconceitos e péssimos humores da esquerda como um todo me deixam extremamente pessimista em relação ao futuro de POA e do RS.

[]'s,
Hélio

26/10/2007, 13:03

 
Blogger Carlos Eduardo da Maia disse...

Concordo integralmente com o Hélio. O ibope do MST perante a sociedade brasileira é lá embaixo. E sabem por que? Porque eles invadem as cidades com pessoas de fora, muitas delas sequer são agricultores, são pessoas de outros locais, com outros sotaques, fazem a maior bagunça e interrompem o fluxo da vida, tomando conta das estradas, dos prédios públicos, das ruas. Esta na hora da elite do MST pensar um pouco mais com os neurônios. Essa tática é equivocada. Muito equivocada.

26/10/2007, 16:09

 
Anonymous Anônimo disse...

O Blackão deu o tom correto da discussão, como sempre.

O problema é que o MST não tem esse compromisso com a democracia (considerada 'burguesa' ou 'formal') e, portanto, com a legalidade.

Da mesma forma, não está nem aí para opinião pública, vista como manipulada e 'pequeno-burguesa'.

O resultado é um movimento de estrutura organizacional tipicamente leninista, parcialmente 'submerso' na ilegalidade.

O melhor texto que já li sobre o MST foi "Mobilização sem emancipação — as lutas sociais dos
sem-terra no Brasil", do Zander Navarro (publicado em SANTOS, Boaventura de Sousa (org). Produzir para viver. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, p. 189-232).

O texto é muito bom, mas te deixa sem esperança no MST, por todas as práticas nefastas que carrega consigo. Além disso, o estudo demonstra que a modernização tecnológica e capitalista do campo brasileiro, ocorrida nas duas últimas décadas, praticamente acabou com a possibilidade de uma reforma agrária do tipo distributivista ao estilo dos anos 50 e 60.

Creio que a esquerda democrática e extraparlamentar deve sair desse círculo vicioso gerado pelas ações do MST e partir cada vez mais para iniciativas que tenham relevância para o viver contemporâneo: a inclusão do negro, do índio, a afirmação das minorias sexuais e culturais, etc.

Em uma sociedade urbanizada, esses são os debates que interessam.

Quanto ao campo, sinceramente, prefiro que o meu alimento seja produzido a baixo custo por um 'latifundiário' do que a alta custo por um assentado do MST sustentado pelo INCRA e pelo Bolsa-Família.

Saudações socialistas & democráticas.

29/10/2007, 13:27

 

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