Geral da Terra, do ar, do mar e da Lua... Alma das flores, das cores, das pessoas nas ruas... Geral de tudo que se vê, de tudo que se ouve, das verdades nuas.

07/09/2007

Pequena análise sociológica da implementação de uma arena

Não falemos de futebol, no momento.
Não falemos, porque o resultado disse tudo: 3 x 1.
Escore clássico, reflexo do bom futebol que o Tricolor mostrou contra o Vasco.
Falemos, então, das pretensões da (ou do) Arena Odone.
O que temos de fatos até agora?
- sabe-se que a preferência é pela construção do empreendimento no Bairro Humaitá, na saída/entrada da cidade
- é uma área de 25 a 30 hectares, onde se construiria não somente o novo estádio, mas um complexo com prédio garagem, shopping, prédio de escritórios e hotel
- é, também, uma região muito pobre, cercada por um cinturão de miséria enorme, com várias vilas
- não há infra-estrutura viária e logística de transporte público atendendo a área (a não ser a linha de trensurb que passa do outro lado da estrada)
- os 8 hectares onde está situado hoje o Olímpico, comercialmente, valem muito mais do que o montante dos 25 a 30 hectares
- há um enorme contingente de torcedores que se desloca a pé (seja do/para o centro, seja de/para casa mesmo)
- ingressos caros afastam o público
- mensalidade alta afasta sócios
- não foram apresentados, ainda, orçamentos que indiquem ser menos custoso a construção de um estádio novo em detrimento de uma reforma do Olímpico

Pois bem.
Essa discussão tem sido constante nas rodas de gremistas.
Antes desse último jogo contra o Vasco, decidimos fazer um teste de observação.
Caminhamos pela Azenha percebendo a movimentação da torcida a pé e de carro.
Houve, então, uma unanimidade - pelo menos entre a gente - pela manutenção da localização do novo estádio.
Há, também, a desconfiança de que a "menina dos olhos" dos empreendedores do projeto seja mesmo essa área do Olímpico.
Questiona-se quem preferiria comprar/alugar áreas comerciais no Humaitá ao invés de em uma zona central como a Azenha, próxima ao centro, Menino Deus, etc.
Outra observação que fizemos foi com relação ao caráter "heterogeneidade" da torcida nas arquibancadas.
Percebeu-se, então, um "quê" de Arena no ar...
Por quê?
Porque o ingresso mais barato estava custando 30 reais!
Resultado?
18 mil pessoas em um jogo para 30 mil, e uma massa homogênea de torcedores, estudantes (meia-entrada), brancos, compreendidos na faixa dos 17 a 28 anos e de boas vestimentas (bem de vida), ostentando "produtos oficiais" da marca Grêmio.
Ou seja, majorando o ingresso, reduz-se drasticamente a presença de negros e adultos não-sócios da classe média - sem falar no pessoal mais pobre...
E a conseqüência direta desse tipo de política de preços é a queda paulatina nas médias de público dos jogos.
Faço, aqui, a comparação, nos Brasileirões desde 2004, das médias de Grêmio e Atlético-PR, dono da única arena do Brasil, a Kyocera Arena (tem o nome de uma empresa!):
ATLÉTICO-PR
2004 - 12.979 (foi vice-campeão)
2005 - 11.620
2006 - 10.505
2007 - 7.507
obs: não lembro de nenhum jogo em que tenham lotado a sua arena

GRÊMIO
2004 - 7.932 (foi rebaixado)
2005 - 23.000 (2ª Divisão)
2006 - 25.630
2007 - 18.759 (entrou a política de ingressos mais caros da história do clube justificando-se pelas campanhas de associação e da meia-entrada para estudantes e idosos)
obs: foram vários os jogos com mais de 40 mil torcedores, na Libertadores, inclusive, a média de público foi superior a este número

Então, a que conclusão podemos chegar?
Azenha ou Humaitá?
Arena ou reforma?

Eu estou, primeiramente, com a AZENHA.
Depois, seja reforma ou construção de novo estádio, sou daquilo que for menos dispendioso e mais transparente.
Ah, e se querem botar alguma coisa abaixo de qualquer jeito, pelamordedeus, derrubem aquela bosta daquele ginásio David Gusmão...

11 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Guga,

Em alguns pontos, tu estás sendo exageradamente socialista onde o socialismo não existe. Ao mesmo tempo, falta fundamentação teórica aos bons pontos levantados pela tua observação.

Futebol no estádio não é mais feito para as massas. Virou espetáculo em um ambiente que só pode ser financeiramente viável se não houver áreas ociosas.

Consumidor exige respeito e bom tratamento por aquilo que paga. Não é frescura nem coisa de "metido": assim como alguém que compra uma caixinha de fósforos por R$0,37 espera que eles não estejam molhados e nem que o pauzinho seja fraco, sem dinheiro não dá pra haver higiene, limpeza, pintura, iluminação, treinamento dos funcionários, cachorro-quente com pão novo e que o vendedor de refri e cerveja não pegue a garrafa molhada depois de ter pego dinheiro na mão e enfiado o gargalo mais a própria mão dentro do copo.

O Olímpico é impossível de ser reformado por razões estruturais e financeiras. Mas concordo contigo que o novo estádio deveria ser erguido exatamente na mesma área.

Apesar do estádio não ser confortável nem higiênico, por incrível que pareça, o valor do ingresso não é caro, ainda mais que o Grêmio procede assim para obter maior número de associados.

E eu acho que o estádio deveria ser lotado por sócios. Quantos guris da Geral pagam ingresso todo osanto jogo?! Por que não se associam sempre que abre inscrição?!

No mais, a média do Grêmio no Brasileirão 2007 é bem mais alta do que aqueles 18 mil e poucos que citaste. Deves ter incluído o Ruralito na conta.

Além disso, o público contra o Vasco foi muito bom para final do mês.

Acho que o Atlético PR exagerou na majoração dos ingressos, tem, na verdade, um meio estádio em uma região da cidade onde é dificílimo estacionar (ruas estreitas) e é um seriíssimo candidato ao rebaixamento, que só teve bons times em 2002 (campeão) e em 2004 (vice). De lá pra cá, só desce a ladeira.

[]'s,
Hélio

07/09/2007, 23:29

 
Anonymous Anônimo disse...

Eu só quero que o Grêmio tenha um novo estádio, e que seja muuuuuito superior ao Beira-Rio. Aí eles param de incomodar com este negócio que só o estádio deles pode sediar uma Copa do Mundo.

Guga e Têmis, tem uma surpresinha pra vocês lá no Neurótika.com.

Abreijo

Re

08/09/2007, 01:12

 
Blogger Guga Türck disse...

Hélio, meu amigo!
Por isso que eu disse "pequena análise". O texto tem mais é observações mesmo. E elas são reais.
Eu vou a todos os jogos no Olímpico. Chego umas 2 horas antes e vou tomar umas cervejas na Marcílio Dias, num mercadinho, a 2 pilas a garrafa.
A começar por aí, os estabelecimentos que vendem a cerveja mais barato são aqueles em que há maior movimentação e maior "diversidade", se assim podemos dizer. Sobre este mercadinho onde eu vou, como é mais longe, reunimos sempre a mesma galera ali na frente e ficamos tranqüilos...
No estádio, na grande maioria das vezes, vou de arquibancada, bem sobre o acesso dos visitantes ao gramado, mas de vez em quando sento na social. Aliás, desde muito pequeno meu pai e minha mãe me carregavam para o estádio, também fui de torcida organizada, viajei - tenho cada história pra contar...
E o exercício a que me propus aqui foi o de relatar observações que faço constantemente - aliás, talvez resida aí a minha satisfação com a descoberta da Semiologia na faculdade de jornalismo e a intenção de desenvolver minha profissão e, porque não, mestrado, envolvendo-me profundamente com este tema.
Dessa forma, então, sempre fui muito atento às movimentações internas no clube.
Há muito me chama a atenção o fenômeno de "branqueamento" da torcida do interzinho e o movimento contrário na do Grêmio. Inclusive, em lugares onde a "sabedoria" popular diria que não encontraríamos torcedores tricolores, estes estão presentes e em maioria - é o caso de vários acampamentos do MST que visitei, por exemplo. Nem discuto qual é a maior torcida do estado, isso é óbvio.
Mas a questão preço é preponderante, sim. E ela tem o poder de modificar o perfil de quem vai ao estádio. 30 reais é um ingresso caro. Muda completamente o público que freqüenta as arquibancadas, assim como quando há a promoção do nescafé e assim como os perfis de torcedores em setores diferentes, como cadeiras e arquibancadas, é bem diferente.
Sobre a gurizada da Geral, praticamente todo mundo ali é sócio. Inclusive, o boom de associações no Grêmio foi incentivado pela galera.
Não à toa, Arena Odone mandou botar roleta de sócio no portão 10. Depois do pandemônio que foi - eu estava no meio! - o primeiro jogo da Libertadores contra o Cúcuta, baixou uma luz nos dirigentes e permitiram acesso a sócios em todos os portões do anel inferior...
Ah, e discordo de que o futebol não seja feito para as massas.
Aliás, é para muito mais massas que antigamente - é para as massas que vão ao estádio, que ficam no entorno horas antes consumindo dos pequenos estabelecimentos do bairro - girando a economia local! -, e para aqueles que preferem o conforto do seu lar, com a TV a cabo - girando a economia liberal!
Sobre médias, retirei as informações do site da CBF, confere lá que eu estou certo.
Já dá uma olhada, também, nas médias do Tricolor em arrecadação por jogo. Vai de 200 a 300 mil em 3 anos a cada partida!
Isso não é desprezível... Pena que ele tiraram as de 2005, quando estivemos na Segunda Divisão, mas lembro bem dos dados porque eu fazia constantes comparações com a Primeira. Tínhamos arrecadação maior do que 300 mil reais, com ingressos a 5 pilas! Este ano, com ingressos a 30, temos menos de 250 mil...
Bom, mesmo assim, ainda não me convenci de que reformar é o melhor. Também concordo que a estrutura do clube deve dar receita como um todo em todas as épocas, não em 20% dos dias de um ano. Quero pensar um pouco mais sobre o assunto.
Agora, sobre localização, nem discuto mais!

Abração!!!

08/09/2007, 13:20

 
Blogger Guga Türck disse...

Regina!
Eu sabia que tu não resistirias!!!

Vou lá conferir!

Abração e bem-vinda de volta à blogosfera!!!

08/09/2007, 13:20

 
Anonymous Anônimo disse...

Se a solução for novo estádio, pode-se muito bem construir na Azenha, e se o problema for espaço para estacionar, derruba-se o ginásio para construir estacionamento.
Para mim ter ou não lugar para estacionar não é o problema, já que quando eu não vou a pé, pego ônibus...

Abraços!

08/09/2007, 19:45

 
Anonymous Anônimo disse...

Caro Guga! Quando a questão é paixão futebolística a coisa fica complicada, mas isso não impede de buscar um mínimo de racionalidade. Penso que já existe uma decisão de construir a tal arena (que nome ruim)pelo grupo dirigente (Odone e seus entornos, como o Cacalo e o Koff, que legitimariam a construção). Nosso papel (ao menos o meu) seria cornetear para dar TRANSPARÊNCIA ao processo todo, por uma razão simples - quem vai pagar é a torcida. Os investidores são financiadores e nada mais, com a papel de querer a grana de volta. Já li referência de 750 milhões e outras quantias abaixo desse patamar, mas, em resumo, deverá ficar em torno dos 250 milhões de dólares. É muita grana. Por isso a exclusão, fonte de tuas preocupações, é parte constituinte, ou estruturante, do novo estádio. Quem tem grana consome que não tem fica no radinho. A exclusão é parte de um movimento maior que já presente ao nosso lado, com o fim de lugares populares, por exemplo, no Maracanã. Portanto, é uma questão complicada e difícil de resolver. De outra parte, não se pode elidir a ISL, de triste memória, era o moderno chegando e olha o fosso onde fomos parar. Quando um pobre encontra um ovo, logo desconfia ... Mas existem outras dúvidas.

Não entendo como um clube, contabilmente, FALIDO vai tomar esse caminho. O Grêmio ainda não resgatou as mancadas do Cacalo (Loco Abreu, Beto, etc.)sem falar da herança maldita do Guerreiro. Além disso, têm as dívidas fiscais, que, em geral provocam penhoras por parte do Estado ou da União. É público que os diversos terrenos que formam o Monumental, bem como o complexo de Eldorado, estão penhorados. A penhora impede a negociação do bem. Como o clube vai vender as áreas da Azenha? Tenho dúvidas que o conjunto do Monumental tenha só uma mátrícula aglutinadora dos diversos terrenos. Aquilo lá deve ser uma grande confusão. Não seriam os terrenos , antigamente, uma doação da prefeitura, ou de outro agente qualquer (uma família abastada) com cláusula de reversão com o fim do uso? O problema dos Eucalípitos, na rua Silvério, é esse, por isso o Inter não consegue fazer nada. O terreno foi uma doação; é uma área pública.

Essas questões não têm emergido na discussão. Fica uma dicotomia entre os modernos (os defensores da arena) e os saudosistas (os amantes do monumental). A torcida é posicionada como neutra, alguns, inclusive, definem a instituição como externa ao torcedor, como se fosse possível o Grêmio existir sem os gritos dos simpatizantes, mas é isso que alguns externam.

Os grupos para eleição do conselho, exceção do Grêmio Novo, não tem se posicionado sobre a transferência, demonstrando que em águas profundas o pau está comendo.

Por que não fazer uma consulta com os associados para legitimar a construção?

Saudações Tricolores

Jorge Vieira

09/09/2007, 10:12

 
Anonymous Anônimo disse...

A questão levantada pelo Jorge é realmente muito pertinente: como um clube que deve para todo mundo vai gastar tanto dinheiro com um estádio?
Assisti ao vídeo do projeto do nosso arqui-inimigo, se não me engano o custo seria pelo menos cinco vezes menor do que o da "arena" do Grêmio.
E a idéia de uma consulta aos associados é ótima. Afinal, nós pagamos as mensalidades, temos que ser ouvidos sobre um assunto tão importante como esse.

Abraços

09/09/2007, 14:25

 
Anonymous Anônimo disse...

Caro Guga!
Recebi um email (deve ter sido dado pela secretaria do clube) do comitê do Helio Dourado, convidando para uma reunião e disponibilizando participação na chapa para o conselho. Para isso fornece as condições necessárias para alguém ser candidato. Não tenho essa pretensão, mas o convite demonstra, penso eu, a fragilidade do movimento do Dourado. Por que ele estaria convidando associados, que nem conhece, para formar a chapa? Acho que o Dourado está fora dos grande conchavos. Mas de forma um tanto ambígua, faz uma crítica aqueles que se afastaram do clube na gestão Obino. Aqui fica uma crítica ao grupo do Grêmio Novo que teria colaborado na gestão do ogro.

Se o Dourado está em dificuldade para compor a chapa, onde está os componentes do Obino e do Fachin? Se sabe que esses dois têm alta participação no conselho, logo não teriam falta de nomes para formar a chapa. A questão é - qual a chapa do Obino e Fachin?

Além disso, situa outros pontos interessantes, na questão da arena, como o fato de que existem sócios patrimoniais que seriam proprietários de 1000 avos do Monumental. Ou seja, a tal venda do área da Azenha pode ser mais complicada do que tem sido dito. Pergunta ainda - por que meia-dúzia deve decidir o novo estádio? Em termos gerais essa posição está em acordo com o que tenho pensado, isto é, estender a torcida a decisão.

Saudações Tricolores

Jorge Vieira

09/09/2007, 16:47

 
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