A IMBECILIDADE A SERVIÇO DA VIOLAÇÃO DE DIREITOS...
Abaixo segue um artigo que minha mãe escreveu sobre toda essa história da "limpeza" que o Fumaça está fazendo na cidade. Ela fez pro blog/site dela, o GRATURCK. Tem o link ali do lado.
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No domingo, 14.01.2007, li no jornal Zero Hora, digno(?) representante da imprensa marrom, que circula no sul do país, o comentário da chamada “articulista política” Rosane Oliveira a respeito do “trato” que a atual gestão da prefeitura de Porto Alegre está “obsequiando” os moradores de rua da capital do Rio Grande do Sul.
"Mesmo que os sem-tetos resistam em se mudar para os abrigos oferecidos pela prefeitura, fechar as pontes do Dilúvio foi uma medida acertada do prefeito José Fogaça, que ofereceu uma opção digna para quem mora em condições desumanas".
Ao me deter sobre este comentário, meu estômago reclamou: “Chega de deglutir! Não vais te expressar, assistente social?! Teu Projeto Ético-Político não é a defesa intransigente de direitos?"
E aqui estou sentindo o nojo Sartreano tomando conta de mim...
Pobre Porto Alegre, que já foi a capital dos direitos, ao sediar o Fórum Social Mundial – ao buscar espaços de convivência nas diferenças étnicas, culturais e de classe.
Pobre Porto Alegre, hoje reduzida à mediocridade, à insensibilidade, à avidez do lucro e ao desrespeito aos direitos.
Como cidadã, como assistente social, não posso me calar frente à tamanha ignomínia, frente à omissão social, frente ao marasmo descomprometido de uma população que vê calada, paralisada e descomprometida a violação de direitos! Esta, escondida atrás de uma retórica emplumada que representa o que há de mais retrógrado e violento nas relações sociais postas em uma sociedade capitalista excludente terceiro mundista.
"É muito difícil para um morador de rua como eu conseguir trabalho formal. A sociedade quer que eu tenha qualificação, experiência de vários anos e também um comprovante de residência. Às vezes, penso que não faço parte mesmo dessa sociedade, pois só tem valor quem tem dinheiro" (L.C.G., 40 anos, 2004).
Ignorar quem são os moradores de rua, de onde eles surgem, é desconhecer a Questão Social, é virar as costas para a violência transvestida pelo desemprego, pelo preconceito, pela dependência química e etílica, pelo abandono, pelo salário de fome, pela fragilidade das políticas públicas, pelo trabalho informal, pela corrupção institucional, pela concentração de renda.
Até entendo que o dito “cidadão de bem”, se sinta mal em olhar para os moradores de rua, para estes, a atual gestão da Prefeitura de Porto Alegre faz bem, porque está “limpando” a cidade. Logo, quem não vê não se envolve e aplaude a medida, justificando que os abrigos estão disponíveis, que esta população está na rua porque quer, ignorando intencionalmente a desfiliação social que a sociedade capitalista brinda aos moradores de rua.
"Quando eu morei no Viaduto da Azenha, nós é que fazíamos nossa comida. Ganhávamos ou juntávamos restos pela cidade e depois juntava e fazia uma comida só para todos. Era bom, pois o cardápio era variado todos os dias" (R.O., 21 anos, 2004).
Agora, não tem mais Viaduto. O único direito de ir e vir, de permanecer, está sendo negado aos moradores de rua, que já têm todos os seus direitos negados na capital que, um dia, foi reconhecida pelo mundo como a capital da garantia de direitos...
Como dói ter consciência...
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No domingo, 14.01.2007, li no jornal Zero Hora, digno(?) representante da imprensa marrom, que circula no sul do país, o comentário da chamada “articulista política” Rosane Oliveira a respeito do “trato” que a atual gestão da prefeitura de Porto Alegre está “obsequiando” os moradores de rua da capital do Rio Grande do Sul.
"Mesmo que os sem-tetos resistam em se mudar para os abrigos oferecidos pela prefeitura, fechar as pontes do Dilúvio foi uma medida acertada do prefeito José Fogaça, que ofereceu uma opção digna para quem mora em condições desumanas".
Ao me deter sobre este comentário, meu estômago reclamou: “Chega de deglutir! Não vais te expressar, assistente social?! Teu Projeto Ético-Político não é a defesa intransigente de direitos?"
E aqui estou sentindo o nojo Sartreano tomando conta de mim...
Pobre Porto Alegre, que já foi a capital dos direitos, ao sediar o Fórum Social Mundial – ao buscar espaços de convivência nas diferenças étnicas, culturais e de classe.
Pobre Porto Alegre, hoje reduzida à mediocridade, à insensibilidade, à avidez do lucro e ao desrespeito aos direitos.
Como cidadã, como assistente social, não posso me calar frente à tamanha ignomínia, frente à omissão social, frente ao marasmo descomprometido de uma população que vê calada, paralisada e descomprometida a violação de direitos! Esta, escondida atrás de uma retórica emplumada que representa o que há de mais retrógrado e violento nas relações sociais postas em uma sociedade capitalista excludente terceiro mundista.
"É muito difícil para um morador de rua como eu conseguir trabalho formal. A sociedade quer que eu tenha qualificação, experiência de vários anos e também um comprovante de residência. Às vezes, penso que não faço parte mesmo dessa sociedade, pois só tem valor quem tem dinheiro" (L.C.G., 40 anos, 2004).
Ignorar quem são os moradores de rua, de onde eles surgem, é desconhecer a Questão Social, é virar as costas para a violência transvestida pelo desemprego, pelo preconceito, pela dependência química e etílica, pelo abandono, pelo salário de fome, pela fragilidade das políticas públicas, pelo trabalho informal, pela corrupção institucional, pela concentração de renda.
Até entendo que o dito “cidadão de bem”, se sinta mal em olhar para os moradores de rua, para estes, a atual gestão da Prefeitura de Porto Alegre faz bem, porque está “limpando” a cidade. Logo, quem não vê não se envolve e aplaude a medida, justificando que os abrigos estão disponíveis, que esta população está na rua porque quer, ignorando intencionalmente a desfiliação social que a sociedade capitalista brinda aos moradores de rua.
"Quando eu morei no Viaduto da Azenha, nós é que fazíamos nossa comida. Ganhávamos ou juntávamos restos pela cidade e depois juntava e fazia uma comida só para todos. Era bom, pois o cardápio era variado todos os dias" (R.O., 21 anos, 2004).
Agora, não tem mais Viaduto. O único direito de ir e vir, de permanecer, está sendo negado aos moradores de rua, que já têm todos os seus direitos negados na capital que, um dia, foi reconhecida pelo mundo como a capital da garantia de direitos...
Como dói ter consciência...
Maria da Graça Maurer Gomes Türck
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