Doutora em Algas

Quem tiver oportunidade que peça para a TVE a cópia do programa Frente a Frente de ontem. Foi uma obra.
Na cadeira de entrevistada estava, dona Vera Callegaro, a mais nova responsável pelo balcão de licenças que virou a Fepam.
Frente a ela estavam um jornalista da Ecoagência, João Batista Aguiar, Carlos Wagner, da Zero Hora, e João Garcia, da Guaíba.
Pois Callegaro mostrou bem o naipe do que vai ser a relação deste governo com o meio-ambiente: ouro.
Blogs como o Boa Noite pro Porco, RS Urgente e Brisa do Sul têm relatado e comentado as desventuras no Rio dos Sinos e arredores, além do comprometimento de toda a política de meio-ambiente com o capital.
Pois parece que vai continuar assim.
Estamos em um momento crucial no que se refere à cobertura vegetal do estado. Já se plantaram milhares de hectares de lavouras de árvores para a extração de celulose, e projetos de expansão e entrada de novas empresas são iminentes. Mesmo assim, ainda não se tem análises conclusivas sobre se este tipo de cultura seria prejudicial ou não ao meio-ambiente. Inclusive, o que tem monopolizado o solo e este tipo de embate é o eucalipto - que muitos ambientalistas consideram como "sugador" de mananciais.
Pois bem, pela lógica, todos estes emprendimentos precisam de licença ambiental para seguirem, e, no mínimo, se espera que a secretária de estado responsável por isso tenha um relativo conhecimento acerca de um assunto que se avizinha - ou melhor, que já está em processo de desenvolviumento.
Pois bem.
Questionada por Aguiar se, afinal de contas, o eucalipto puxava água ou não, secando o entorno do local onde estaria plantado, eis que vem a seguinte resposta de quem assinará os documentos de finlandeses, noruegueses, ou de quem quer que queira explorar a monocultura para fazer papel:
"Não sei te responder isso, sou doutora em algas..."(!)
Mais adiante, vem a parte mais tragicômica da entrevista.
Carlos Wagner - que nem parecia ser fucionário da assessoria do governo - questionou como seria o plano de irrigação das lavouras de soja, na concorrência com as lavouras de arroz. Ele queria da secretária informações técnicas, de como resolver essa concorrência pela água.
Não para espanto geral da mesa, mas do bom senso, Callegaro seguiu o nível do governo Crusius Credo:
"Vocês teriam, então, que chamar o secretário da irrigação..." - pediu ela, dizendo não ter conhecimento sobre o tema.
Carlos Wagner imediatamente tascou:
"Mas não é a Fepam que vai dar a licença para isso? Vocês deveriam conhecer o projeto, não?"
Constrangida ela responde que sim e por aí foi...
Durante todo o programa houve várias outras nuances que demonstraram bem como serão os anos seguintes ao governo Esgotto. Vale a pena pedir o programa.
Um futuro nada bom aguarda Dourados, Pintados, Traíras, Lambaris e os seres humanos.