Estado Mínimo
Na realidade é Estado Zero...
Estive trabalhando no registro audiovisual de um seminário que o INCRA fez nessa última segunda e terça-feira.
Falava das monoculturas de madeira nos assentamentos.
Está ocorrendo uma grande pressão das empresas de celulose em cima de pequenos produtores e assentados.
Muitos estão arrendando suas terras e/ou vendendo-as.
O INCRA está apreensivo com esta situação, já que as terras são para a reforma agrária. Sendo assim, será necessário romper vários contratos com recém-assentados.
Isso tudo acontece porque Aracruz Celulose, Votorantim e esta empresa da Finlândia que vem para cá estão adquirindo terras e mais terras para suas lavouras de eucaliptos.
E o Seminário foi bem interessante.
Deu para se notar a inoperância de órgãos estatais como a Fepam.
Aliás, patética a apresentação de seu representante no evento.
Esta secretaria tem liberado licenças ambientais na maior facilidade para as empresas.
Não há fiscalização.
Não é à toa que morreram toneladas de peixes no Rio dos Sinos...
É literalmente a cara do desgoverno Risotto.
A completa ausência de Estado.
Esteve por lá um membro da Ageflor, também.
Fez uma apresentação em powerpoint das maravilhas que a monocultura de eucalipto vai trazer para o RS.
Uma ficção bárbara.
Pura fantasia.
E quase deu briga por causa disso.
Eles acham que o pessoal é burro...
Mas o que mais me chamou a atenção foi o próprio INCRA.
Eles estão tendo que competir com estas empresas pelas terras para reforma agrária.
Porque se está vendendo tudo aquilo que seria para o remanejo das famílias sem terra.
E o que é pior, Aracruz e Votorantim estão comprando as terras com dinheiro público!!!
Sim!!!
Incrível!!!
Na quarta-feira, leio notícia no Correio do Povo que o BNDES está liberando 600 milhões de reais para estas empresas!
Fui lá no INCRA acertar as contas e comentei com eles isso.
E eles não conseguem liberação de verba para comprar terras...
E esses 600 milhões vão ser usados para comprar terras...
E o Estado passa a perna no Estado...
Que reforma agrária que nada.
Que governo de esquerda que nada.
Que ajudar os pobres que nada.
A galera tá perdendo a paciência.
Vai chegar o dia da foice.
E o bicho vai pegar...
"O caos vigente é sinal de que alguma coisa está para acontecer"
Raul Seixas
postado por Guga Türck às 15:41
4 Comentários:
No início do post você comentou algo sobre a venda das terras destinadas ao assentamento... Indepententemente da Fepam ou outros orgão de fiscalização há algo sendo feito junto aos assentados para a não venda desses lotes?
Abraços, ADO.
20/12/2006, 00:02
Cara, o INCRA fez este seminário, inclusive, para isso.
O que eles estão dizendo é que, caso não haja reversão desse quadro (dos assentados arrendando - não vendendo - suas terras para as empresas), os contratos deverão ser desfeitos e a terra devolvida ao INCRA, que repassará para outras famílias.
Sobre a venda de terras destinadas à Reforma Agrária, acho que isso é coisa de mercado mesmo. Já que o "destinada" simplesmente significa que o INCRA está observando determinadas propriedades e iniciando processo de compra ou desapropriação das mesmas. Mas, daí, chegam uns caras com uma mala de dinheiro e levam antes!!!
Abração, zé!!!
20/12/2006, 11:52
Como quando uma proprietária de terras destinadas à reforma agrária vende a propriedade a um representante do agronegócio (advogado) no período entre o comunicado de desapropriação pelo Incra e o depósito do valor na conta da fazendeira, só para complicar o processo e especular questionando o valor da avaliação do Incra em relação ao suposto "valor de mercado", que ocorreu com a Fazenda Palermo em São Borja? Disso não se fala na mídia por que o objetivo é criminalizar o MST a mando da Farsul e não a Farsul a mando do MST. Mas é importante que fique claro aos assentados que a terra só pode ser explorada no bom sentido, não usada para outros fins. Vamos lutar para defender nossa idiosINCRAsia.
03/01/2007, 12:30
IdiossINCRAsia, dez culpas.
03/01/2007, 12:32
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