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10/12/2006

Cidadãos de bem

Já é notório.
Pobre pego em roubo de galinha garnizé tem publicada sua foto, cpf, endereço e preferência sexual.
Mas "cidadãos de bem", os protegés do Laziê Martins e cia, pegos no flagrante delito são rebentos mal criados pelos pais. São pobres crianças que sofreram porque seus velhos não puderam lhes dar atenção suficiente em razão da necessidade de sustentar a casa e o padrão de vida.
São anônimos. São ninguéns.
Nas páginas de jornal, são suspeitos, jovens ou algum substantivo que esconda e generalize as suas identidades.
Abaixo, segue exemplo clássico:

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, DOMINGO, 10 DE DEZEMBRO DE 2006
Jovens são presos com ecstasy
Policiais civis e militares, que integram a Força-Tarefa do Ministério Público do RS, apreenderam 115 comprimidos de ecstasy na madrugada de sábado nas proximidades da avenida Assis Brasil, no bairro Lindóia. Três jovens de classe média, dos quais dois universitários, foram presos em um Ford Mondeo e um Gol. Um deles tentou subornar ainda os policias ao oferecer cerca de R$ 7 mil para não ser detido. O caso foi registrado na Central de Ocorrências de Tóxicos (COT), do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), no Palácio da Polícia.
O ecstasy tinha as cores branco e rosa, além de apresentar a marca de um ponto de interrogação, grife conhecida como 'charada'. A droga sintética seria vendida em uma festa rave no bairro Navegantes. O organizador da festa foi justamente um dos detidos pela Força-Tarefa do MP. A transação de entrega e recebimento do ecstasy ocorreu no apartamento de um dos acusados, momentos antes da ação policial. Esse ano, um levantamento do Denarc revelou que a droga costuma ser enviada de Santa Catarina ao RS.


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Pois isso tudo me lembra uma velha história que me contaram há algum tempo.
Ou melhor, estória(?).

Certa feita, membros de uma certa instituição responsável pela manutenção da ordem vigente resolveram dar uma de rebeldes.
Pararam um veículo estilo furgão, de cor branca, muito vendido em tal país.
Ao abrirem o veículo, encontraram uma quantidade sem tamanho de porcelana oriental, sem nota fiscal.
"Estamos feitos!" - pensaram os funcionários a serviço do povo, visto que apreensões deste tipo costumavam gerar abonos, benefícios e promoções.
Pois, ao darem seguimento à apreensão, eis que vem o conselho do motorista do veículo:
"Vocês têm certeza disso? Sugiro que liguem para seus superiores...".
Isso emputeceu os virtuosos soldados da lei e da ordem. Soou como ameaça! E, como não são de levar desaforo para casa, tornaram-se duros no seu tratamento com os recém-criminosos.
E houve insistência:
"Liguem para seus superiores! Para o 'fulano de tal'! Se não a coisa vai ficar preta para o lado de vocês...".
Essa ameaça - agora direta - trazia um elemento novo. O nome de um conhecido. Aquilo balançou os ânimos dos nobres enfardados. Como aquele trabalho era a sua única fonte de sustento, resolveram ligar para seus superiores.
Resultado?
Depois de verificar a lista de entrega dos detidos foram obrigados a liberá-los para que estes pudessem finalizar, na calda da noite, o seu serviço de delivery.
Sorte dos cidadãos de bem que receberiam, então, naquela noite, suas porcelanas chinesas para animar suas festas em alguma cobertura de algum bairro nobre de uma certa cidade...

QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE, acredito, NÃO É MERA COINCIDÊNCIA.
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O fato é que essas festa rave já nem rolam mais em escondido como antigamente.
A cultura está disseminada e conta, inclusive, com veículos de comunicação.
Alguém já viu uma revista chamada VOID?
Pois a "balinha" tá rolando solto.
E o chamado AC também.
E TODO MUNDO sabe...
Não é novidade.
Mas quem são essas pessoas?
Na resposta desta pergunta está a resposta da impunidade e da manutenção da sociedade estamental na qual vivemos.

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