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23/08/2007

Taxa de utilização da BM

Entrou em discussão nos últimos dias um encaminhamento da Secretaria de Segurança do Estado acerca de a segurança em jogos de futebol ser feita por PMs.
Há a solicitação, por parte do Estado, então, que Grêmio e Inter garantam a segurança dentro de seus respectivos estádios com particulares, ou, então, que paguem o extra que o Estado gasta para colocar efetivos da Brigada Militar para fazer o mesmo.
A justificativa é a de que o deslocamento de brigadianos para tal fim é oneroso e fragiliza a segurança pública, pois a cidade fica com menos policiais circulando em suas ruas.
O fato é que jogos de futebol são, sim, eventos particulares, dentro de limites físicos particulares.
Quando se promove um jogo dentro da casa de alguém, nada mais certo que este garanta toda a estrutura para que tal ocorra, incluindo, aí, bolas, iluminação e segurança.
Sendo assim, parece-me muito justo que os clubes banquem a segurança do espetáculo dentro de seus domínios, deixando as cercanias, as ruas da cidade, para os policiais, que já têm a obrigação de fazê-lo.
Pois bem, dito isto, surge uma questão pertinente.
E como ficaria, em passando a solicitação de pagamento ao Estado de "taxa de utilização da BM", a relação da Brigada Militar com outras instituições particulares da cidade, do estado?
Será que será cobrado do senhor Jorge Gerdau um extra para fazer a segurança de sua empresa ali na Farrapos toda a vez que houver manifestações na cidade?
E o McDonald's? Pagará pelo efetivo deslocado para assegurar a integridade de sua fachada nestes mesmos eventos?
Como fica com relação à sede da Zero Hora, que ultimamente tem sido muito bem guardada por guarnições da Brigada a cavalo e à pé, com policiais fortemente armados sempre que há atos públicos nas imediações?
A Expointer?
A Fazenda Coqueiros?
Toda essa gente da iniciativa privada também pagará taxas pelo desvio de função da Brigada Militar?
Bairros mais ricos, por terem condomínios pagando em conjunto tal taxa não passariam a ter direito a rondas constantes em suas ruas?
Como ficaria quem não tem dinheiro para essa "contratação" de serviço público?
Em passando essa requisição do jeito que foi apresentada pela secretaria, entraremos em um terreno muito perigoso e movediço.
Estaremos vendo, definitivamente, o aparato estatal funcionando de forma particular, em troca de alguns tostões.
Quem der mais, vai levar a segurança.
Vai levar o público para o seu privado.
É o leilão da BM...
Porque a justificativa do deslocamento de efetivo que deveria estar cuidando das ruas da cidade ao invés de jogos de futebol é infundada, visto que a solução encontrada é a capitalização, o pagamento.
Ou seja, o deslocamento de efetivos não está em xeque, mas, sim, quem o vai pagar...

Que os clubes gastem, sim, do seu bolso para garantirem a segurança de seus eventos, mas não com brigadianos, com segurança privada.

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Isso é praticamente "privatizar" a Brigada Militar!
Concordo totalmente com teu texto!

Abraços

24/08/2007, 00:09

 
Blogger Omar disse...

E, paralelamente, vemos cada vez maior quantidade de policiais fazendo "bico" em empresas e casas noturnas para complementar seus salários. Espero que o movimento do Governo Federal, em andamento, dê uma organizada nessa bagunça.

24/08/2007, 10:09

 
Anonymous Anônimo disse...

Guga,

Esse problema não tem solução. É mais ou menos como os motoboys que correm adoidado, ultrapassam pela direita, não ocupam o espaço de um automóvel na faixa e criam faixas "alternativas" entre os carros - os caras ganham uma miséria, a maioria deles é "autônoma com exclusividade", ganham salário mínimo e vivem de comissões (quanto mais entregas em menos tempo, mais ganham), além de terem que arcar com a manutenção, com o combustível, óleo, pneus e com a compra/leasing da moto.

Os clubes demandam uma movimentação dispendiosa para a Brigada, sim. E ela não teria que dar guarida para RBS, Fazenda Coqueiros e Gerdau porra nenhuma. No entanto, sabemos muito bem que, caso os clubes paguem segurança particular, a torcida será tratada com muito mais agressividade, as revistas serão mais íntimas e desconfortáveis e a primeira atitude desses seguranças será descontar seus recalques ao invés de tão-somente impedirem brigas e depredação de patrimônio.

Segurança particular não tem preparo humanístico algum. Só funciona em shows em lugares do tamanho do Gigantinho, bancos, supermercados, condomínios, fábricas e lojas e olhe lá.

[]'s,
Hélioh

24/08/2007, 14:37

 

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