Roger e Souza

Ouvir as rádios de Porto Alegre no que tange a cobertura esportiva tem sido um belo exercício de paciência.
Ainda mais para quem é Gremista, já que a crônica esportiva é povoada em sua maioria por colorados travestidos de imparciais, mas que não escondem sua preferência clubística nas piadinhas e ironias de seus comentários.
E há uma rádio por aqui que anda vestindo a camiseta vermelha com louvor, diga-se de passagem.
É a band, a qual me acostumei a chamar de rádio inter.
Quem comanda as contratações nessa empresa conseguiu a proeza de colocar praticamente 100% de vermelhinhos utilizando os microfones.
Entre os comentaristas, há um ex-dirigente do time da beira lago que o seu esporte favorito é nos encher de piadelas e análises estapafúrdias, tratando, juntamente com seus asseclas que o chamam de "mestre", com empáfia e ironismos a temática do futebol Tricolor e com críticas - construtivas até, o que corrobora com a tese do coloradismo - o andar da carruagem vermelha.
Pois bem, descobri dois aliados para lutar contra essa situação: o dial e o botão de desliga.
Parei de ouví-los.
Pena, pois até há bons - poucos - repórteres por aquelas bandas que, mesmo colorados, são profissionais.
Mas esses outros, narradores e comentaristas, são bufões.
No dial, então, passei a sintonizar outras bandas procurando reduzir o volume de cretinices e ir atrás de mais análises minimamente sérias e informações mais apuradas.
Numa dessas, deparei-me com a entrevista do meia Roger, ex-Fluminense, Corinthians e Flamengo e atual Débora Seco (que informação ridícula e nada a ver! Mas aparentemente a que se dava mais relevância entre todos os jornalistas envolvidos na cobertura de sua apresentação no Tricolor).
Roger é um meia que se destacou no Fluminense.
Veloz, de grande técnica, tem um chute potente de fora da área e boa visão de jogo.
É um daqueles meias que todo o time procura e precisa.
É, ou era?
Pois após sua passagem pelo Flu, Roger nunca mais foi o mesmo.
Alternou muitos mau momentos com poucas boas exibições.
Sua vida virou ao avesso, ficando o futebol mais como um hobbie e sua vida social mais como profissão.
Na sua cabeça só dava baladas e mulheres famosas, circuitos de moda e páginas de revista high society.
Esse é o Roger que o Grêmio contratou? Da famosa turma do chinelinho?
Se fosse, seria apenas uma jogada de marketing, como demonstra a foto..., mas, a julgar pelas palavras do próprio - e creio que isso deva ser levado em consideração -, não.
Roger quer jogar.
Disse em alto e bom tom que é uma nova fase em sua vida.
Em todos os outros clubes em que chegava, chegava com status de estrela.
Aqui, chega com desconfiança e tem consciência disso.
Sabe que precisa jogar bola, quer e gosta disso - foi um jogador que lá no início lhe davam o apelido de "Maradoninha".
Se este for o jogador que o Grêmio contratou, com vontade de jogar, com empenho e dedicação para ao menos se aproximar do que ele já foi, bom, daí seu nome será bradado aos sete ventos pela imensa torcida Tricolor.
Caso isso não se confirme, com certeza todos não serão nem um pouco amorosos com sua figura - assim como ele tem o sido, com certeza, com suas mulheres...

Sobre Souza, só comento porque ouvi o jogador falando.
Especulação não cabe aqui no blog.
Souza disse com todas as letras que está acertado com o Grêmio.
Mencionou que Muricy não é problema para sua liberação, mas que é preciso o Grêmio se acertar com o São Paulo.
O Tricolor está oferecendo contrato de 3 anos com salário dobrado daquele que recebe lá no Morumbi.
Viria como Marajá da bola, uma senhora que ele tem tratado muito bem ultimamente.
Souza sempre foi um daqueles 12º jogadores.
Era um excelente reserva, até que, por questões de grupo, Muricy começou a utilizá-lo em diversas posições em sua esquadra.
De tapa-buraco, o jogador passou a ser peça fundamental na variação de esquemas do excelente treinador.
Desempenhava papel de ala e meia defensivo pela direita até se firmar como uma espécie de terceiro homem de meio-campo que se aproxima - e faz gols - pelo quarto direito do campo de ataque.
2006 e 2007 foram anos de afirmação para Souza.
Espera-se que este cartel positivo de atuações venha junto em sua bagagem e que farde bonito com o manto Tricolor.
Seria um bom acréscimo ao lado direito do time, reduzindo a carência histórica que este setor tem apresentado.
Dessa forma, ao lado de um Roger "reabilitado", o meio passaria a se constituir em uma arma de longa alcance, já que os dois jogadores chutam, e bem, de fora da área.
Sempre gostei de chutadores - acho-os imprescindíveis.
Jogar apenas com a referência de dentro da área, com dependência de centroavante, só com fenômenos como Jardel o foi.
Sem esse tipo de jogador, é preciso pensar o 11 como um todo, dentro de suas possibilidades e alternativas de se constituir um gol.
Mano Menezes montou um time dependente de bolas alçadas na área.
Um time de gigantes que, sem bons cruzadores, viravam postes.
Com Diego Souza, finalizou a temporada com uma única jogada qualificada pelo meio que não fosse a do jogo aéreo - enfim, nitidamente esgotou-se.
Então, digamos que Roger venha a ser um bom jogador e Souza concretize a sua vinda, agregam-se, assim, ao até o momento parco time, atributos de velocidade - o que não tinha de jeito nehum no moroso time de 2007 -, técnica e chute de longa distância.
Faltariam, agora, a consistência defensiva com dois bons laterais e um finalizador, ao menos médio (poderia ser o Perea?), na frente.

Esta não é uma análise positiva.
É somente uma análise.
Se torna positiva porque se compara com as opiniões parciais enlatadas dos cronistas da bola.
É algo que não se vai ouvir, por exemplo, na rádio inter.
Lá eles dizem que o Grêmio não precisa contratar, porque já venceu o Flamengo e o São Paulo e vai bem assim...
Coisa de torcedor, não de profissional.

Dá-le Grêmio e seguimos!

JAMAIS NOS MATARÃO!!!