Brother Menezes, um mercenário de sucesso

Mano é um cara esperto.
Não pensou duas vezes em sair do 15 de Novembro para ir ao Caxias - ganhando mais.
Não pensou 1,5 vezes para sair do Caxias, com um trabalho em andamento, para ir pro Grêmio - ganhando bem mais.
Não pensou 0,5 vezes para aceitar a proposta de treinar um time na segunda divisão em detrimento de outros que competirão campeonatos de ponta - ganhando muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito mais.
Mano tem visto ultimamente o seu salário ser multiplicado exponencialmente, tornando-se, hoje, o mais novo marajá do futebol brasileiro: vai levar cerca de 400 mil reais por mês para chegar em 4º lugar em um campeonato com 38 rodadas sem grandes desafios.
A questão não é pular de um clube para o outro em busca de crescimento financeiro, mas começa a ser de caráter.
Mano afirmou mais de uma vez que ficaria no Grêmio se o time classificasse para a Libertadores - solidificou, durante um tempo, esta competição como sendo o seu Santo Graal.
Mas o Grêmio foi murchando ao final... Perdendo, empatando, sem vitalidade.
O presidente Arena Odone já começava a dizer que a Copa do Brasil era uma excelente competição, Mano despistava sobre sua situação - e nós ainda com chances!
Me parece que tudo foi um grande jogo de cena.
O Grêmio, desmontado financeiramente, preferia não estar na Libertadores, pois demandaria pesados investimentos no plantel e um aumento para o treinador na renovação - que já tinha salários na casa dos 90 mil por mês, segundo se divulgava.
Uma Libertadores, por mais que rendesse mídia e outras receitas, para um clube falido, que não consegue finalizar uma transação sequer, pois a grana fica retida pela Justiça, seria extremamente despendiosa - ao contrário de uma Copa do Brasil, com seus confrontos mata-mata, com estádios lotados e clubes inexpressivos que não demandam grandes investimentos em plantel para serem suplantados.
O fato é que parece que ficou bom para todo mundo nessa história.
A direção fingindo que queria estar na Copa, o Mano fingindo que continuaria no Grêmio, o time ainda com chances, na frente do rival, mantendo a esperança da torcida, que comparecia em peso seguidamente no Olímpico, gerando rendas de mais de 300 mil por jogo.
E, no final, então, tudo como se queria - aparentemente: o Grêmio ainda classificado para uma competição continental, terminando em uma boa colocação o Brasileirão e retornando - finalmente! - à Copa do Brasil.
Mano se despediu em frente à torcida e, com sua saída e a vinda de Mancini, aliviou em umas boas dezenas de milhares de reais a folha de pagamento do Tricolor.
Bom, mas, então, voltemos à vida de Brother Menezes.
Flamengo e Cruzeiro - principalmente este último - acenaram com propostas ao treinador - um grande técnico, diga-se de passagem.
O Cruzeiro parecia o destino certo, já que pagaria mais e estava classificado para aquela competição que ensejava-se ser a menina dos olhos do Brother...
Mas, não.
Cifrões é que tilintam naquele olhar, e Mano preferiu seguir seu caminho indo para uma segura(?) e rica jornada no Corinthians.
Foi para um clube que tem a falcatrua no sangue, que dissimula - assim como parece ter feito nosso comandante nesses últimos 2 meses de Grêmio (aliás, uma prática de políticos - interessante é que, coincidentemente, o Tricolor é dirigido por políticos).
Um clube historiacamente enfiado em confusões obscuras em todos os níveis e - segundo a atual direção - falido!
Sim, com mais de 100 milhões em dívidas anunciados oficialmente hoje.
Então, como se pagarão os mais de 5 milhões ao Mano neste ano de 2008?!
A verba da TV cairá pela metade(?)...
Olhando assim, friamente, não parece ter sido um bom negócio.
Mas, em se tratando do profissionalismo dos paulistas em tirar coelho$$$ da cartola, talvez tenha sido a melhor coisa que ele fez na sua vida.
Futebolisticamente, retrocedeu.
Inverteu suas preferências em virtude do dinheiro - ou mentiu - e deu imensos passos atrás.
Profissionalmente, no entanto, escolheu certo para si e sua família.
Milionário em um ano.
O mais midiático em um ano.
A tática perfeita de relações públicas.
Mano foi esperto, muito esperto.
Só deve rezar para que o furo do timinho não seja mais embaixo...