Caos nos aeroportos da burguesia brasileira

Tá um absurdo essa história do caos na aviação brasileira.
Nem tanto pelo caos em si, mas mais pela camaçada de bobagens que a grande mídia vem distribuindo nos mais variados canais de expressão.
É incrível que nenhum deles está preocupado com atrasos nas linhas de ônibus que carregam a criadagem daquela gente que passeia de avião de um lado para o outro no Brasil.
Ninguém quer saber que aquela senhora que limpa os banheiros dos aeropassageiros tem que pegar todo o dia um ônibus cacareco, sem ar condicionado, lotadaço e que leva quase uma hora para chegar ao seu destino. E que isso se repete diariamente.
Não, o negócio é que "o Brasil" está sentindo o caos dos aeroportos.
Mas que Brasil???
Aí, se entrevista um cidadão de bem, pai de família, que chora as pitangas para o repórter porque já espera há mais de 8 horas a saída do seu vôo de Curitiba a São Paulo...
Se eu fosse o repórter tascaria a seguinte pergunta:
"E um ônibus, Zé? Será que tu já não estaria em casa???"
Jura...
Cidadão de bem em ônibus.
Baixar de status social jamais, nem que isso signifique horas e mais horas de baba pelo canto da boca em um desses aeroshóppings que se multiplicam por aí...
E tem mais.
Será que ninguém se pergunta - se o sistema aeroviário brasileiro está momentaneamente saturado, com mais aviões do que rotas - por que diabos as empresas continuam vendendo passagens???
Se só podem decolar, sei lá, 100 aviões por dia em um aeroporto, por que vender passagens para 150?
É como se um clube vendesse 80 mil ingressos para a torcida assistir a um jogo de futebol em um estádio com capacidade para 40 mil.
Quem já passou por esse tipo de aperto sabe bem como é...
Tudo parece muito simples, mas hoje já entendi um pouco da lógica.
As empresas vão pedir indenização milionária, adivinhem para quem?!
Para o Estado!!!
Oh, esquálido Estado Mínimo brasileiro...