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14/03/2007

A desocupação em Eldorado do Sul

Recebi a seguinte comunicação com fotos via e-mail na segunda-feira.
Publico abaixo com "asteriscos" ocultando o nome de quem assinou.
Me comunicaram que publicizar nomes assim pode ser perigoso pela perseguição intensa que fazem com as pessoas do movimento.
Quem disse que a ditadura acabou???

"P/ CONHECIMENTO - MST - Desocupação em Eldorado do Sul

Amigas e Amigos

Ontem fomos despejadas da fazenda de plantio de eucaliptos da Aracruz em Eldorado do Sul. Em anexo algumas fotos. Outros três latifúndios foram ocupados no estado do Rio Grande do Sul, e também sofreram despejo, mas ainda não dispomos das fotos.

A Aracruz e a norteamericana Boise possuem diversas áreas nesta região da bacia hidrográfica do Rio Guaíba, todas destinadas à produção de eucalipto para celulose. É uma região rica em água doce, com fácil escoamento pela proximidade com o Oceano Atlântico e com a capital do estado, Porto Alegre.

Antes da desocupação, ocorreram alguns fatos não noticiados.

Não havia água potável no local, apenas um açude em vias de extinção; então tinha um carro com tambores para abastecer de água as mulheres ocupantes. No dia 06, quando se esgotou a água que havia sido levada pelo carro, foi negociado com a Brigada Militar, que cercava o local, que o carro sairia e retornaria com água. Porém, ao ultrapassar a cerca, o carro e seus ocupantes foram presos, e as mulheres ficaram sem água para beber. Passou-se a ferver a água do açude para servir às mulheres e crianças.

Por duas vezes no dia 06, sem nenhum mandado sobre desocupação, a brigada investiu contra as mulheres e crianças, criando um clima de medo. Na primeira vez foram marchando, armados, e pararam na guarda montada pelas acampadas. Na segunda vez, durante uma apresentação de teatro das mulheres, investiram com a cavalaria a galope, assustando as crianças, e recuaram quando foram enfrentados pelas ocupantes.

Durante a noite do dia 06, até o amanhecer do dia 07, os soldados da Brigada Militar rondavam o acampamento, mostrando armas e munição, numa postura intimidadora e covarde.

Mas, novamente, as mulheres camponesas mostraram sua organização, sua capacidade de enfrentamento do capital transnacional, exigindo que as terras sejam prioritariamente cultivadas com alimentos para o povo brasileiro, e não com celulose para exportação. As mulheres exigem reforma agrária, igualdade nas relações de gênero, fim da violência contra a mulher, fim da proteção estatal sobre as empresas que promovem o Deserto Verde, e defendendo um projeto de agricultura camponesa, centrado nas pessoas, nas necessidades humanas, e não na acumulação de lucro de algumas megaempresas.

As mulheres estão animadas e certas de que sua posição é justa, e irão manter sua mobilização contra um projeto que nega o futuro de seus filhos e netos.

Agradecemos todas as manifestações de apoio, de amizade e de compromisso com a luta contra o Deserto Verde, pela vida.

Um fraterno abraço,

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MST/RS
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